domingo, 29 de maio de 2011

A Caminho de Trásdaponte

-Hoje,bem cedo,fui dar a minha caminhada.Quando cheguei a
Trás-da-Ponte o Sol tinha acabado de aparecer e,como há
mais de sessenta anos,eu e a minha malta lá estávamos à
espera que ele começasse a subir.Era uma sorte ter aquele
Sol todo só para nós...

Com os pais nas fábricas e estaleiros começámos e
acabávamos os dias brincando:bola corridas e tudo o que
os meninos pobres inventavam.Na areia da praia erguíamos
castelos,atirávamos pedras a fazer peixinhos e na água era
a vez de chapinhando,achar coisas e perseguir caranguejos
até a maré subir para os banhos obrigatórios.As raparigas
divertiam-se com as suas rodas,bonecas e trocando surpresas entre si...


Quando chovia a maltinha metia-se nas escadas e,sentados
nos degraus,contávamos histórias que ouvíamos aos mais velhos:
almas do outro mundo,roubos,crimes,milagres...
E crescíamos assim....

Texto retirado do livro,Memórias Escolhidas 1932/1951
de Ângelo Matos Piedade.

Uma homenagem do Trás da Ponte ao Ângelo.
Ângelo Matos Piedade é um homem de Trás da Ponte

O desenho foi oferta do artista Eduardo Palaio.
Eduardo Palaio é um filho adoptivo de Trás da Ponte

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