O Bife
( Parte 2 )
O tempo é escasso, ás dez para a uma o "búzio" da fábrica vai tocar de novo.
Tempo curto também para o que a Maria Rosa tem de fazer,naquele
intervalo, de todos os dias: dar o almoço aos filhos que têm de ir para a escola,
ir a casa dos sogros levar a sopa,fazer a marmita do marido e levá-la ao
trabalho dele,recolher a roupa da corda e pendurar outra porque na Rua dos
Carpinteiros de Machado, antiga "dos valentes", onde mora, o sol que
melhor seca é o da tarde.
Mas hoje ainda tem mais pressa, o tempo é mais apertado do que em qualquer
outro dia da semana. É sempre assim em terças-feiras como esta: tem de ir,
primeiro que tudo, ao talho da cooperativa, atrás da barroca - reza para que mal
chegue seja logo ser aviada. Uma vez por mês o Joaquim, assim se chama o marido,
tem de comer um bife e hoje é a terça-feira em que assim deve ser. Carne fresca
se não "a realeza" não quer - frigorífico há-de ser um dia! - as peças que vêm do
matadouro são desmanchadas à segunda-feira e só são postas à venda no dia seguinte.
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