Do livro "Memórias Escolhidas" de Ângelo Piedade Matos vamos transcrever uma passagem relacionada com Trásdaponte |
... Agora a malta vinha ao meu Largo, quero dizer à minha casa
para logo de manhã, por volta das sete, nas marés grandes ir
tomar banho nas escadinhas da Sociedade: - o Caetano, o Belo,
o Necas, o Veríssimo e o Joaquim Maia,
da Rua dos Valentes,o Joaquinzinho da Rua da Cooperativa;
o Zé Calqueiro e o Capucha, do Largo da Igreja; eu, às vezes
o meu pai e mais alguns vizinhos do Largo. Não havia pé para
ninguém, aquilo era mesmo para nadadores feitos, tivessem a
idade que tivessem e fossem do tamanho que fossem: - de
corrida, era cá cada mergulho!... Claro, que toda a vida e por todo
o lado nadei e continuo a nadar, mas aqueles banhos com a
maltinha, era uma festa e nunca mais houve outros iguais,
nem a mocidade voltou...
Não posso viver sem olhar, ouvir e cheirar o mar, a maresia.
Da minha casa vejo o Barreiro, mas não chega. Raro é o
dia que não tenha de ir saudar o meu: o mais lindo, o do
Seixal... Não há cura, bem gostaria de ser enterrado, sem
padre, à sua beira, em Trás-da-Ponte
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